sexta-feira, 24 de março de 2017

Obax

Autor e ilustrador: André Neves


A história de Obax trata principalmente da importância da oralidade. A personagem que dá nome ao livro é uma grande contadora de histórias; cada aventura ganha ainda mais vivacidade quando ela pode contar para os outros moradores da comunidade.


A narrativa se passa no continente africano, e essa menininha costuma passar os dias correndo atrás de antílopes e girafas. Certo dia, Obax ver uma chuva de flores; encantada com aquilo que tinha presenciado, logo vai contar para os demais moradores, no entanto, ninguém acredita nela.


A descrença em suas histórias deixa Obax desiludida e ela parte sozinha e sem rumo. No caminho surge um elefante e os dois vivem grandes aventuras. Mas um dia Obax volta para casa e nada mudou por ali, as pessoas continuam descrentes nas suas histórias.
É necessário um acontecimento mágico para que as pessoas acreditem nas histórias de Obax. A narrativa parece um reconto de uma história oral, mas o autor deixa claro ao final do livro que essa é uma obra de ficção.


Autor e ilustrador: André Neves
Editora: Brinque-Book
Nº de páginas: 36


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Artur faz arte

Autor e ilustrador: Patrick McDonnell


O desenho é o primeiro domínio que a criança alcança utilizando papel e lápis, muito depois virá o domínio da escrita. Na história de Artur faz arte acompanhamos o processo de expressão artística de um menininho que faz rabiscos, desenhos abstratos até alcançar o desenho figurado.


A ilustração do livro é linda e reveladora. Há muitas cores no processo de descoberta do Artur, por isso, as ilustrações são bastante coloridas e divertidas. E todo o processo de expressar-se através do desenho, pressupõe a liberdade, seja ela física ou subjetiva, então ele surge desenhando ao seu modo, com muita independência e alegria.


O incentivo à expressão artística de Artur surge quando a sua mãe constrói uma grande exposição na porta da geladeira com os desenhos. 

Autor e ilustrador: Patrick McDonnell
Editora: Girafinhas
Nº de páginas: 48


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A fome do lobo

Autora: Cláudia Maria de Vasconcellos
Ilustração: Odilon Moraes



A fome do lobo traz mais uma vez para a literatura infantil o lobo-mau, mas dessa vez o lobo é um personagem que não consegue exercer o seu poder e acaba convencido por suas presas a procurar uma presa melhor.
A história começa com o lobo acordando e indo em busca da sua primeira refeição. Daí cada animal que ele encontra tece vários e bons argumentos para escapar de ser comida de lobo. Nestes momentos a narrativa traz o uso da inteligência de cada animal para superar a fome do lobo e realmente funciona.
O livro também tem a estratégia de reiterar as mesmas características assustadoras do lobo cada vez que uma nova presa é escolhida, fazendo-nos crer que daquela vez a presa não vai conseguir escapar. Com a tensão da história concebida a partir do recurso de repetição acerca do lobo, a narrativa constrói uma ansiedade no leitor para saber o que acontecerá no final.
A maior surpresa de Fome de lobo é ver a ligação que a autora vez entre este lobo brasileiro e a mais famosa história de lobo que temos no ocidente, a Chapeuzinho Vermelho.

Editora: Iluminuras
Autora: Cláudia Maria de Vasconcellos
Ilustração: Odilon Moraes
Nº de páginas: 44


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quinta-feira, 23 de março de 2017

A bicicleta que tinha bigodes

Autor: Ondjaki
A bicicleta que tinha bigodes é um livro infantil da literatura africana de língua portuguesa. A história se passa em Luanda, capital de Angola. Assim como o Brasil, Angola foi uma colônia portuguesa, no entanto, a região africana conseguiu independência somente em 1975.
Na história deste livro temos um grupo de crianças que embarcam na tentativa de participar de um concurso literário. O prêmio para a história escolhida como melhor será uma bicicleta. Na euforia da infância, essas crianças passam os dias seguintes tentando pensar em uma história para escrever ou ainda, pensando em uma maneira de conseguir uma história.


A narrativa aborda como a sociedade angolana está articulada, a influência do Brasil, os sistemas políticos e econômicos em questão durante a década de 1980 (período em que se passa a história!), a representação da infância, o olhar angolano acerca do mundo, a guerra civil angolana, etc.
A narrativa de Ondjaki percorre páginas e páginas mantendo a poesia da oralidade, o olhar humanista, a crença na coletividade. Com muitos planos, a leitura pode ser feita baseada na aventura das crianças, mas também é possível perceber a crítica ao sistema político e econômico de Angola e do mundo.
Acima de tudo, a história defende as relações humanas que almejam o melhor para todos, negando as ações egoístas que reforçam o individualismo. A bicicleta que tinha bigodes é um romance regado de lirismo e humor sobre pessoas e seus sonhos.

Autor: Ondjaki
Editora: Pallas
Nº de páginas: 92


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As aventuras de Pedro Coelho

Autora e ilustradora: Beatrix Potter


O Pedro Coelho já adentrou o círculo de obras clássicas da literatura infantil, por isso, de alguma maneira, a imagem desse coelho de casaco azul está em nosso imaginário. A edição brasileira traz vários momentos da ilustração do Pedro Coelho. Temos desenhos em preto e branco e desenhos com a coloração diferente, provavelmente Beatrix Potter fez mudanças no decorrer da recepção das histórias.


O livro As aventuras de Pedro Coelho contém quatro histórias sobre um grupo de coelhos, portanto, as histórias não são somente sobre Pedro, mas também sobre alguns membros da sua família. As narrativas desenrolam de maneira simples; embora ocorram reviravoltas, não há muita tensão ou surpresa em seus desfechos.


As histórias ganham a nossa atenção devido à maneira como determinados assuntos são tratados. Por exemplo, temos a mãe de Pedro indicando aos filhos para tomarem cuidado pelas redondezas, pois da última vez que o pai das crianças entrou na propriedade errada, ele virou recheio de torta.  A narrativa sem desvio pode nos pegar de surpresa e é o ponto alto das histórias.


A morte surge como algo possível de ocorrer a qualquer momento, e nem por isso é um impeditivo para viver a vida plenamente. Os coelhinhos, na verdade, continuam aprontando muito. E o conselho não serve para Pedro que continua entrando nas propriedades alheias para comer legumes fresquinhos.




Autora e ilustradora: Beatrix Potter
Editora: Companhia das Letrinhas
Quantidade de páginas: 93


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O BGA - O Bom Gigante Amigo

Autor: Roald Dahl
Ilustrador: Quentin Blake



Este livro começa com o rapto de uma criança por um gigante. A criança é Sofia, uma menina que perdeu a mãe e o pai e que mora em um orfanato. O gigante é o BGA (o Bom Gigante Amigo), responsável por distribuir os sonhos das pessoas.
Do encontro desses dois, surge uma grande amizade embalada pela tarefa de salvar o mundo dos demais gigantes que são grandes comedores de gente. Enquanto procuram formas de impedir que os gigantes saiam pelo mundo devorando pessoas, nós acompanhamos a amizade dessas duas criaturas singulares.


O BGA não come gente porque acha errado, então ele come somente um vegetal chamado nabobrinha. Ele coleciona sonhos: os bons, ele distribui para as pessoas; enquanto os ruins, ele guarda para que ninguém tenha a experiência de um pesadelo. O BGA também tem uma característica na fala responsável por parte do humor da narrativa, ele troca as palavras, as letras, inventa novas palavras, etc.


Já Sofia é uma menina corajosa, articulada e inteligente. Ela é uma perfeita representante da heroína moderna: elabora planos para salvar o mundo, negocia com a rainha da Inglaterra e coloca-se de maneira ativa diante da vida. Embora seja órfã, Sofia não demonstra sofrimento, aceita a sua fortuna e se aventura no mundo com aquilo que ele tem a lhe oferecer.
A obra do Roald Dahl tem o poder de atingir pessoas de todas as idades e este livro não é diferente. A cada página nos vemos encantados com os personagens e suas aventuras.


Autor: Roald Dahl
Ilustrador: Quentin Blake
Editora: 34
Quantidade de páginas: 285

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terça-feira, 14 de março de 2017

A bruxinha atrapalhada

Autora e ilustradora: Eva Furnari


Em A bruxinha atrapalhada acompanhamos pequenas e variadas histórias de uma bruxa e do seu fiel companheiro, um gatinho. Mais uma vez temos a representação da bruxa na história infantil.
No entanto, a personificação da bruxa neste livro acompanha as novas leituras que as bruxas tiveram nas narrativas contemporâneas: a bruxinha atrapalhada é uma bruxa boa, usa seus poderes de maneira divertida, além de ser uma criatura adorável.


As narrativas são curtas e muito simples, cheias de criatividade e humor. Para as crianças, o livro é ótimo porque possibilita autonomia, uma vez que não é preciso a leitura de texto e sim a leitura das imagens.  Além do mais, coloca em exercício a capacidade de narrar, muitas vezes habilidade pouco praticada.

A bruxinha atrapalhada é uma obra que tem um jogo poético de imagens, lançando mão do encantamento que as bruxas e seus poderes sobrenaturais exercem sobre nós. 


Autora e ilustradora: Eva Furnari
Editora: Global
Quantidade de páginas: 32 (livro imagem)
Este livro foi considerado o melhor livro imagem pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, em 1982.

Assista também ao vídeo do livro A bruxinha  atrapalhada!


sexta-feira, 3 de março de 2017

Uma princesa nada boba

Autor: Luiz Antonio
Ilustrador: Biel Carpenter


Quantas histórias de princesas ouvimos durante toda a nossa vida? E quantas dessas histórias saem do protótipo repetido inúmeras vezes em filmes, desenhos, contos de fadas etc? O universo das princesas é cheio de mulheres/meninas dotadas de uma beleza eurocêntrica, à espera de serem salvas pelo príncipe encantado. Acho que a idealização de ser princesa foi propagada a partir do desejo de querermos exclusividade e, talvez, até privilégios.

Pois bem, o valor desse livro é trazer outras princesas para o repertório das princesas. A personagem do livro, Stephanie, deseja ser uma princesa, mas sabe que não se enquadra no padrão que predomina nos contos de fada, até que a avó resgata a história de princesas africanas ou de origem africana. A protagonista passa a se identificar como negra e a reconhecer a importância da cultura negra e das culturas africanas.



Se no começo da narrativa, a ilustração mostra a menina se escondendo debaixo de um guarda-chuva, após conhecer princesas que trazem outros modelos de beleza, Stephanie começa a se revelar. Ao final do livro há um pequeno texto que explica o conceito de princesa e apresenta algumas mulheres que tiveram o título de princesa e quais foram os seus feitos. Vale sempre lembrar que princesa é um título monárquico que não significa beleza, felicidade e outras coisas. 


Autor: Luiz Antonio
Ilustrador: Biel Carpenter
Editora: Cosac Naify
Quantidade de páginas: 64 (pouco texto, letra imprensa)


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